sexta-feira, 15 de maio de 2015

Aquilo que Eu não sei nomear

Saudade: s.f. Sentir n'alma
Aplicação: Quando eu deslizava o indicador esquerdo nas tuas costas

domingo, 10 de maio de 2015

Dia de quem trabalha a dor

Sexta, primeiro de maio, dia aberto, sem pancadas de chuva. O sol marca posição sobre os prédios. É um dia para se divertir, dizem especialistas - e chefes de família. Acorda a criança, vamos à praia. Café da manhã ok, roupa ok, e toalha de banho idem. Destino: praia de veraneio.

O carro, apressado, engole passos sobre a pista. O som está sintonizado na rádio mais erudita possível. Talvez tenha tocado Djavan, Tribalistas ou músicos da cena local. Todos chegam em vinte minutos, estourando vinte e cinco. Para a felicidade doce, ingênua e correta da menina, que adora subir castelos na areia e tomar uns caldos.

- Abre a mala porque tem muita coisa. Lúcia, os brinquedos estão lá, vamos pegá-los – diz a senhora.

Família bem acomodada, mesa à frente do mar. Prontos para o pedido. O sinal com as mãos chama o garçom. Tudo normal, não tivesse o atendente um metro e meio. Um metro e meio e um rosto liso, sem as menores intempéries provocadas pelo correr dos dias e noites. Sem qualquer sinal de barba ou bigode, voz aguda.

Cara de quem, obviamente, não brinca em serviço em seu dia de trabalhar a dor. 

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Cabelo

O cabelo ao chão sempre parece pior que o da cabeça. Não passa de um amontoado, um tufo. Não que o meu seja bom. Não é. E é ruim em qualquer situação, mas ainda dá para cuidar um pouco. Leva mais ou menos um mês para crescer e começar a me incomodar, aí você vai ao cara que corta e tudo pode estar pronto em uns 10 minutos. É injusto. Bem que poderiam crescer no mesmo ritmo que o pelo da cara.

Ultimamente, tenho ido quinzenalmente ao Marcos, o rapaz encarregado de me inserir socialmente outra vez. E de recuperar a autoestima também. Acho que ele tem entendido um pouco errado aquilo que quero e deixado um pouco maior do que deveria. Eu estava pronto para escrever “mais grande” em vez de maior, é um pouco do vício do espanhol, ao qual estava habituado a falar há algum tempo. Aliás, já perceberam como os cortes da moda sempre atendem ao desejo de uma minoria? A maioria não se encaixará nesses padrões. Nunca.

Há influências muito claras neste texto de um escritor ordinário americano, perceberão os mais curiosos. A diferença é que não costumo pincelar os meus com merda, porra e muitos outros palavrões. Voltando ao que interessa, garanto: tomar banho quando o cabelo está baixo, muito baixo, está entre as melhores sensações que alguém pode experimentar. É boa, aquela corrente de água gelada. Mas há algum tempo não sei bem o que é isso.