domingo, 24 de julho de 2011

2014: O carnaval brasileiro já começou




De surpresa. Este foi o estado em que boa parte da população e do jornalismo esportivo ficaram. O motivo: Incentivos fiscais concedidos pela prefeitura e ajuda do BNDES para a construção do estádio em Itaquera, um bairro paulista, e que será do Corinthians. Em se tratando de Brasil, não é novidade alguma.

O que chama a atenção, porém, está no fato do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, ter anunciado, há um ano, que não seria investido um centavo de dinheiro público nesta obra. Doze meses depois, a rivalidade política é deixada de lado por Geraldo Alckmin e Kassab para que uma luta armada, mesmo que seja contra os cofres públicos, garanta São Paulo como o palco de abertura da Copa de 2014.

Dinheiro público para ações públicas. Não queremos dinheiro público para construções privadas. Além disso, benefício para um e exclusão para os outros? Qual empresário não quer incentivo fiscal para começar seu negócio também? O que pesa, caro leitor, é a vontade política. E ela, como todos nós sabemos, visa primeiro o lado pessoal para depois atingir, se possível, o social.

O valor total para construir o estádio é de mais ou menos 820 milhões de reais até o momento. Os incentivos fiscais estão orçados em 420 milhões de reais. Dinheiro público que eu, você e nós concedemos de forma direta e indireta para o governo. Para os que apóiam a medida absurda, o dinheiro arrecadado com a abertura renderá ao estado de São Paulo um valor muito maior, aproximado de um bilhão e tantos reais. E que o bairro de Itaquera está merecendo. Ora, francamente, outras regiões precisam muito mais.

É melhor investir 420 milhões de reais num estádio de futebol ou numa medida que resulte no fim da cracolândia no próprio estado? O centro precisa mais que Itaquera. É melhor usar este montante para a construção de escolas, hospitais e valorização dos professores, bombeiros e policiais ou para construir um estádio? O estado de São Paulo precisa mais. O Brasil precisa mais.

Sempre fui e serei contra a Copa do Mundo de 2014 no Brasil. Não temos estrutura para comportar o evento, não temos pessoas confiáveis quanto ao controle do dinheiro que será investido nessa Copa e, antes de tudo, temos urgências maiores para sanar em vez de alimentar o famoso ego de “país do futebol”. Futebol é um esporte, um lazer. Saúde pública e educação são deveres do Estado e imprescindíveis para uma sociedade melhor.

Dinheiro na mão é carnaval. Só para mudar um pouco o velho ditado popular. E este carnaval, mais do que nunca, é verde de dinheiro e amarelo de ouro pelo Brasil afora.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Garanhuns: Frio e música em sintonia




O trajeto da volta foi o mesmo da ida. E tudo, mesmo que não fosse nada novo, ainda me surpreendia. Talvez o clima frio, raro na cidade em que vivo, tenha embelezado ainda mais o cenário. Os eucaliptos junto a outros vegetais compõem a cidade e a embelezam por serem bem dispostos pelos parques e ruas. Estas, limpas e organizadas. Só estava faltando uma boa música. E ela veio de diversas bonitas formas.

À noite, o show esquentou o frio cenário do agreste pernambucano. O verdadeiro forró cantado por Geraldo Azevedo me faz lembrar velhas décadas que não pude viver. Letras respeitosas, com profundo sentido e que trazem à tona a vida nordestina e do nordestino. Sinto falta do grande Luiz Gonzaga, Gonzaguinha, Dominguinhos e o próprio Geraldo no atual forró transformado e desvirtuado de valores.

Melhor do que o bom e velho forró foi assistir à valorização dos pernambucanos para com os cantores também pernambucanos. As vozes fluíam em coro e com tamanha facilidade nas músicas de Geraldo Azevedo e Alceu Valença. Crianças, jovens, adultos e velhos dançavam no local e tudo parecia tão irreal pelo simples e ao mesmo tempo complexo motivo: não existia briga. Aí me dei conta que estava em outro lugar. Não tenho conhecimento de tamanho apreço pelos músicos locais aqui na minha terra natal.

Elogiei bastante a cidade. Será que a grama do vizinho é mais verde? Talvez. Na verdade, acho que não. Encontrei outro mundo bem perto da minha casa. Pode ser só impressão? Sim, mas a primeira impressão é a que fica. A beleza musical e da paisagem juntas encantam. Falando em música e de boa qualidade, não conheço nenhuma dessas duas cidades, mas eu gosto de Juazeiro e adoro Petrolina. Viva e vidas para o bom forró.