quinta-feira, 19 de abril de 2012

PM, MP, Justiça e o estupro do futebol alagoano

       De surpresa. Assim foi pega a torcida alagoana com a decisão tomada hoje pela Justiça de proibir a entrada de qualquer material das torcidas organizadas no clássico deste sábado; ou seja, faixas, baterias e "bandeirões" ficarão de fora do espetáculo futebolístico. Quer dizer, haverá espetáculo? Porque se engana quem acha que o futebol se resume às quatro linhas; a rivalidade saudável entre dois clubes é alimentada, sobretudo, pela festa realizada nas arquibancadas do estádio, que parecerá um velório no dia da peleja.

       Para os que ainda não entenderam, o que quero mostrar é que essa decisão acatada é ineficiente e incapaz. Em outras palavras, Justiça, Ministério Público (MP) e Polícia Militar (PM) querem tapar o sol com a peneira, jogar para debaixo do tapete o grande problema que eles não conseguem resolver: punir os vândalos e baderneiros pelo terror que causam nas ruas. Afinal, você, torcedor, já viu alguma briga DENTRO do estádio de 2007 para cá? Só na cabeça dos "normativos de gabinete". E será que os assim apelidados frequentam um estádio de futebol em dias de clássico?

       Vamos analisar a decisão separadamente, primeiro falaremos da Polícia. Sinceramente, se os policiais não se veem capazes de garantir a segurança num evento futebolístico, é melhor entregar, desde já, a cidade aos bandidos. No entanto, não poderíamos esperar algo diferente de uma polícia que não se desafia, não tem estratégia, não investiga, não prende e é pouco cobrada, como diria o jornalista Plínio Fraga.

       Quanto ao Ministério Público, instituição que escolhe a "verdade" que quer enxergar, devemos realizar alguns questionamentos. Primeiro, cadê os promotores quando o torcedor é prejudicado? Nossos dirigentes desobedeceram ao Estatuto do Torcedor no início da competição e nenhuma medida foi tomada – não me digam que não houve acusação, porque eu mesmo mandei um e-mail. Segundo, será que já perceberam que não existe meia-entrada nos jogos do campeonato alagoano? 

       Por fim, a Justiça. Na verdade, que justiça? Nossa Justiça - sim, com J maiúsculo - é a que toma a decisão a menos de 48 horas, sabendo que, desse jeito, não haverá tanto tempo para a defesa se pronunciar. Ah, já ia quase me esquecendo. Vossa Excelência que me perdoe, mas não avistei uma linha sequer que proíba o espancamento gratuito dos torcedores por parte da polícia militar; órgão que, na prática, deveria nos defender.

       Por essas e por outras, a Justiça, MP e PM não podem questionar o porquê da queda de credibilidade que sofrem ano após ano perante o povo brasileiro. Se tem alguma atividade que ainda confere orgulho a nós alagoanos, certamente ela atende pelo nome de futebol. Nossos clubes, CSA e CRB, carregam as cores da bandeira do nosso estado. 

       Por favor, não façam isso, não tentem estuprar o futebol alagoano.