Em um estado com índices sociais tão alarmantes, o estímulo à prática de ir ao cinema deveria ser uma obrigação moral por parte dos empresários do setor - que deixariam de lado parte do lucro em defesa de uma causa maior. Sim, acredito na educação através da arte, seja ela a música, a literatura ou o cinema. Sobre este, uma crítica: o atual modelo de atendimento oferecido pela Kinoplex ainda não se adequou às novas formas de consumo. Parou no século XX.
Será que o(s) gestor(es) do Kinoplex em Maceió ainda não percebeu(eram) a fila gigantesca aos sábados, domingos e feriados? Se já atentou, o que planeja realizar? O que já faz para, ao menos, amortizá-la? Não acredito em má-fé, tampouco em falta de verba. No entanto, que o problema urge e causa desconforto aos clientes – que abandonam a fila impacientes – não há duvidas.
No último sábado (20), eu estava com uns tantos esperando e esperando. Atrás de mim, um garoto humilde que, sem dúvida, esperou a semana toda para assistir ao filme “Meu Malvado Favorito” e selecionou a dedo a roupa para a ocasião. A decepção com o tamanho da fila era perceptível e, cutucando o irmão, perguntava a todo momento a hora da sessão e se chegariam a tempo.
A dez minutos do início da projeção, chegamos a um pouco mais da metade da aglomeração com a incerteza de apreciar a sétima arte. Sim, porque não há nada que informe ao cliente na longa fila o número de assentos restantes na sessão. Adoram esgotar as sala com filmes americanos, mas não adotam um sistema de fácil comunicação com o cliente – duas telas pequenas com informações sobre a quantidade de cadeiras à disposição bastariam.
É impensável, também, que o cinema disponibilize três sessões em um intervalo de 25 minutos. Sim, 3D Turbo (18h40) ; Meu Malvado Favorito (19h) e Minha Mãe é Uma Peça (19h05). É ululante, portanto, que clientes interessados nos três filmes formarão uma enorme fila a fim de adquirir os ingressos. “Calma! Há seis caixas no atendimento e três terminais de autoatendimento lá fora", dirão os mais otimistas. Os terminais – que aceitam cartões de crédito e débito - certamente ajudariam a minimizar a fila caso não estivessem, em geral, quebrados. No sábado, apenas um funcionava.
“Errr, ok, mas há a opção pela internet”, insistirão os conformados. E é justamente esse ponto que me leva a afirmar que o modelo de vendas do Kinoplex está ultrapassado. Em tempos de fácil acesso à internet, a rede de cinemas prefere cobrar uma taxa para o cliente interessado em adquirir o bilhete pela esfera virtual. Cômico, não? Com um desconto ou taxa zero, melhor seria para os clientes – conforto, agilidade e comodidade – e para o próprio cinema – gasto com impressão e diminuição nas filas. É mais fácil, no entanto, terceirizar o serviço e deixar o lucro a todo vapor. Virar as costas para uma das soluções.
18h35 cheguei, 19h15 saí. Abandonei a fila e não assisti nenhuma projeção na tela. Assim como ao menos três casais que vi e, certamente, o garotinho com seu irmão. Pior para nós, pior para os empresários.