quinta-feira, 23 de junho de 2011

Apenas mais um dia na Av.Fernandes Lerda Lima



Com o olhar fixo em toda a fila que tenho pela frente, desvio rapidamente minha atenção para a hora marcada no meu relógio. Faltam 2 minutos para as 18h30min. O trânsito está fervoroso, mas imóvel. Carros e mais carros juntam-se às três faixas da Avenida Fernandes Lerda Lima. Sozinho após um cansativo dia fora de casa, eu percebo o aglomerado de pedestres, quase como o Michael Schumacher nos bons tempos, a atravessar a rua – sem ser na faixa e com o sinal verde para os veículos prosseguirem. Avanço cerca de 5 metros e decido analisar os companheiros de trânsito que dirigem os automóveis na, carinhosamente apelidada, Avenida Lerda.

À minha frente, encontra-se um carro avaliado em mais ou menos 100 mil reais com o proprietário – ou ladrão, graças aos elevados índices de violência em Maceió -, a exibir o seu jogo de quatro rodas recentemente instalado e a esconder-se por trás do vidro fumê. O carro que está na sua frente é um carro dos anos 90 provavelmente avaliado em 5 mil reais e que toca uma música, certamente, no volume máximo. Aquele é rico, este é pobre. Como é democrático esse tal de trânsito. O rico economicamente é pobre de educação, isto é percebido quando o mesmo abaixa o vidro e arremessa uma sacola em direção do chão. O pobre economicamente é rico em vocabulário, pude observar após um grito raivoso contra o senhor rico “Dar-te-ei um murro caso não afastes teu carro”. Percebi o princípio de tumulto e resolvi analisar a faixa ao lado.

Pude constatar então um tremendo absurdo. Um ônibus e um caminhão trafegando pela faixa da esquerda? Teoricamente, a mais rápida. Pergunto-me então onde estariam os agentes de trânsito para multar esta infração. Na verdade, é um absurdo caminhões trafegarem livremente pela Avenida Fernandes Lima em horário de pico. Por qual razão os empresários não mudam o horário de entrega ou recarga? A sociedade não clama por essa mudança. Nosso estado é sem lei e mandam os poderosos.

Repentinamente, uma moto passa e arranca o retrovisor do carro do homem pobre economicamente. A confusão começa. O motoqueiro, caído, pede desculpas, mas diz que a 4º faixa – criada por eles mesmos – estava estreita por culpa do motorista e diz que não vai pagar. O rapaz pobre economicamente esbravejou que motoqueiros não respeitam o trânsito. Tornou-se o trânsito o imóvel do imóvel. Para não perder mais tempo, o homem rico economicamente disse que pagaria o reparo do retrovisor e que só queria chegar em casa. Tudo resolvido.

Ligo a rádio para relaxar e escuto um programa novo no ar. O radialista exclama “ Cadê o órgão responsável pra dar uma solução nesse trânsito? Por qual razão ninguém age para resolver?”. Querendo novidade, mudo a estação. Longo tempo depois, chego em casa cansado , estressado e a descontar em todos os minutos agonizantes que gastei no trânsito.

Assim como todos os brasileiros, reclamo instantaneamente, como se não houvesse o dia de amanhã. Tudo nos conformes do ditado popular “Se sabes o que eu sei, cala-te que eu me calarei”. E nada vai mudar...

domingo, 19 de junho de 2011

A dualidade de Salvador





Pescador em Salvador ou o salvador de um pescador?

Pescador sozinho em Salvador à espera de um peixe que será seu salvador - seja para comer ou vender.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Narrativas de um poste

Este é apenas um relato de mais um daqueles que se sente prejudicado, de uma forma ou de outra, pelo governo e não tem o direito de resposta. Algo meio óbvio. Óbvio porque não sou um ser-vivo, muito menos humano, e jamais alguém conseguiria entender minhas reinvidicações. Eu sou um poste. Provavelmente o leitor está rindo da “minha cara” nesse momento.




Não sou novo. Sou alto e tenho um corpo esbelto. Aliás, nova não é a roupa, leia-se pintura, que me vestem e sou obrigado a vestir. Esgotam-me com anúncios publicitários ou até mesmo de tarôs. Raramente um “doutor” vem me visitar e consultar a minha saúde. Quando isto vocês fazem, remendam meu corpo aqui e acolá para esconder os problemas da população. Sou obrigado a trabalhar por toda a noite, o que poucos de vocês fazem, e a funcionar perfeitamente. Caso eu precise descansar um pouco, logo os telefones dos meus “doutores” não param de tocar e estes vêm correndo me inspecionar. Sou obrigado a trabalhar como um escravo.

O pior de tudo é não ter o valor merecido reconhecido. Protejo a todos da inconveniência de cabos e fios pela superfície da rua, eu os carrego e sustento. Sou responsável também pelo abastecimento de luz elétrica na sua casa. Puxando este ponto, tenho a obrigação de abastecer estabelecimentos comerciais e industriais, criando assim o seu emprego. Sou a principal testemunha em casos de roubos ou estupros, pois estou sempre por perto para iluminar o caminho dos policiais.

Nesta primeira oportunidade de expressão que me foi dada, procurei exprimir um pouco das injustiças que sofro. Ninguém tem o direito de ofender o outro, principalmente quando as acusações são erradas. Esta é apenas uma breve narrativa de mais um dos injustiçados nesse país, ou melhor, no mundo.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Duas grandes histórias, um pequeno diálogo

"Achou que eram mais que amigos
Disse então que ele confundiu as coisas
Por ser amigo, ele continuou ali
Ela foi embora"

Caio Lorena