quinta-feira, 9 de junho de 2011

Narrativas de um poste

Este é apenas um relato de mais um daqueles que se sente prejudicado, de uma forma ou de outra, pelo governo e não tem o direito de resposta. Algo meio óbvio. Óbvio porque não sou um ser-vivo, muito menos humano, e jamais alguém conseguiria entender minhas reinvidicações. Eu sou um poste. Provavelmente o leitor está rindo da “minha cara” nesse momento.




Não sou novo. Sou alto e tenho um corpo esbelto. Aliás, nova não é a roupa, leia-se pintura, que me vestem e sou obrigado a vestir. Esgotam-me com anúncios publicitários ou até mesmo de tarôs. Raramente um “doutor” vem me visitar e consultar a minha saúde. Quando isto vocês fazem, remendam meu corpo aqui e acolá para esconder os problemas da população. Sou obrigado a trabalhar por toda a noite, o que poucos de vocês fazem, e a funcionar perfeitamente. Caso eu precise descansar um pouco, logo os telefones dos meus “doutores” não param de tocar e estes vêm correndo me inspecionar. Sou obrigado a trabalhar como um escravo.

O pior de tudo é não ter o valor merecido reconhecido. Protejo a todos da inconveniência de cabos e fios pela superfície da rua, eu os carrego e sustento. Sou responsável também pelo abastecimento de luz elétrica na sua casa. Puxando este ponto, tenho a obrigação de abastecer estabelecimentos comerciais e industriais, criando assim o seu emprego. Sou a principal testemunha em casos de roubos ou estupros, pois estou sempre por perto para iluminar o caminho dos policiais.

Nesta primeira oportunidade de expressão que me foi dada, procurei exprimir um pouco das injustiças que sofro. Ninguém tem o direito de ofender o outro, principalmente quando as acusações são erradas. Esta é apenas uma breve narrativa de mais um dos injustiçados nesse país, ou melhor, no mundo.

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