domingo, 28 de junho de 2015

Vai sobrar alguém?

A caminhonete branca repousa sobre a zebra pintada no asfalto. Não poderia estar ali, penso. Especialmente quando o semáforo está vermelho, concluo. Ronca baixinho para depois fazer crescer o ruído próprio dos elegantes. Todos os vidros escuros estão fechados. É noite.

Um homem tenta atravessar a faixa pela frente da lata imóvel. A Amarok acelera alguns passos. O pedestre fixa os olhos no motorista e dá meia volta. Está zangado. Abre o sinal, segue o jogo.

A branquinha engole as próprias passadas na avenida. Corre como quem sofre de diarreia súbita. O semáforo insiste no vermelho. Acelera mais um pouquinho, vai dar. Passa incólume.


Atrás, em letras garrafais, anuncia: “Fora CorruPTos”. 

Então, nesses casos, pergunto: vai sobrar alguém?

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