sábado, 28 de janeiro de 2012

Djokovic por ele mesmo

     

        Finalzinho da partida de uma decisão de campeonato; o jovem atacante vira o jogo com dificuldade para o lateral direito e corre em direção à área. Posiciona-se atrás do zagueiro rival dorminhoco, esperando apenas a bola chegar. No meio do caminho, o zagueirão resvala a bola e só resta ao jovem atacante, que não fazia uma boa partida, tentar um carrinho. Executa. A gorduchinha, então, bate na sua coxa direita e vai, lentamente, entrando no fundo do gol adversário. A torcida grita "Golll!" nas bancadas.

         Quando Novak Djokovic entrou em quadra para a semi-final do Australian Open 2012, eu, em minha casa, esperava mais uma exibição espetacular do sérvio, que há muito me encanta com seu tênis e carisma únicos. Queria rever aquele tenista que foi arrasador nos momentos decisivos de 2011; hoje, porém, em quadra, um súbito apagão. Vi um Djokovic fisicamente impecável, mas tecnicamente sofrível.

     Que teve rapidamente o serviço quebrado; que errava bolas na direita; que resmungava com as marcações da arbitragem e dos fiscais; que errava bolas na esquerda; que xingava a si mesmo em diferentes línguas. Que levantava bravamente as duas mãos para cima, como quem procura alguma explicação. Aí, no ponto seguinte, errava um voleio; e olhava fixamente para seu staff, incluindo a sua noiva, com olhos furiosos, incrédulo com a partida que fazia. Um Novak que, a cada ponto, perdia a confiança nos próprios golpes.
     
        No meu sofá, eu não acreditava naquilo que estava assistindo. Com absoluta certeza, essa foi a primeira vez que senti o sérvio tão abatido tecnicamente. Mas, ainda no confortável assento, vi um tenista brigando como sempre, o bom e velho guerreiro dentro da quadra.
   
     Um Djoko extremamente forte psicologicamente e fisicamente que, apesar dos próprios erros não forçados, corria lado a lado da quadra, jogada a jogada; até mesmo se aproximamdo e distanciando da rede rapidamente.
     
        E então, com uns lapsos do excelente Djokovic de outrora, aliava seu físico à técnica para ganhar o ponto. E vibrava; e sacudia seu staff; e bola aqui, e bola ali; e ponto; e match-point. E DJOKOVIC!
       
         Quanto ao desabamento em quadra após a vitória, os amantes do tênis podem ter certeza de que esse é o Nole que nós conhecemos:
       
         Tenista incomum que nunca deixará de ser o número um, mesmo que o dia não esteja nada favorável, como o daquele jovem atacante.

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