Minha vontade era deitar na rede e escrever. Sentar no banco
da praça e escrever. Em casa, a cachorra começa a latir e me desconcentra. Certamente haverá de chover na praça ou o banco gemerá da quentura. Não vale o risco. Meu bloqueio é
permanente porque a gente tem medo de pensar muito. Observar é ser louco à
vista de quem passa. Recorro a imagens que nunca vi, como a parte interna do
meu cérebro. As palavras estão guardadas ali. Eu as vejo voando dentro de um
lugar escuro. Absorvo muito do que leio, embora não me lembre de quase nada. As
influências e palavras se perdem dentro de mim, e ficam longe. Agora, margeiam
minhas mãos. Tento agarrá-las e se desprendem. As mais lentas estão em
abundância. Odeio rotinas como se sabe. Sou inquieto, persigo as metidas afora,
populares metáforas. Esboço uma aproximação e me escapam. Refaço o trajeto
confiante, agora tenho o mapa: as palavras se misturam, engravidam e será
preciso esperar. Não saio da cama.
sexta-feira, 22 de janeiro de 2016
domingo, 10 de janeiro de 2016
Choveu desgraçadamente. Eu estava completamente encharcado e esperando pelo show do Ney Matogrosso. Os patetas contratados pela prefeitura anunciaram o adiamento - ou cancelamento, como queiram. Ficamos todos putos. As pessoas começaram a vaiar. Fui buscar o carro, que estava longe, a uns cinco quarteirões dali. Como um sanduíche no caminho, chego em casa e tomo um banho. Não quero ver filme, penso. Ensaio ler Galeano: não passo de duas ou três páginas. Avançaria pouco hoje. Peguei Bella, a cachorra, para passear comigo no carro e comprar algumas cervejas. Há um posto por perto que sempre está aberto, reduto dos bêbados da madrugada. De volta, ponho Clube da Esquina para tocar enquanto tomo umas goladas. Os vizinhos dormem, o silêncio paira e minha mente inquieta começa a produzir. Precisava de mim mesmo uma vez mais.
domingo, 3 de janeiro de 2016
intensidade
Houve uma menina
cujo abraço apertava
apertava
e durava
feito cheiro de livro novo
e um olho que ardia
ardia
como sabão no olho
Dizem por aí
que isso faz bem
muito bem
acalma a alma
Mas eu costumava
ir a um ponto
e não mais
voltar
cujo abraço apertava
apertava
e durava
feito cheiro de livro novo
e um olho que ardia
ardia
como sabão no olho
Dizem por aí
que isso faz bem
muito bem
acalma a alma
Mas eu costumava
ir a um ponto
e não mais
voltar
Assinar:
Postagens (Atom)