Minha vontade era deitar na rede e escrever. Sentar no banco
da praça e escrever. Em casa, a cachorra começa a latir e me desconcentra. Certamente haverá de chover na praça ou o banco gemerá da quentura. Não vale o risco. Meu bloqueio é
permanente porque a gente tem medo de pensar muito. Observar é ser louco à
vista de quem passa. Recorro a imagens que nunca vi, como a parte interna do
meu cérebro. As palavras estão guardadas ali. Eu as vejo voando dentro de um
lugar escuro. Absorvo muito do que leio, embora não me lembre de quase nada. As
influências e palavras se perdem dentro de mim, e ficam longe. Agora, margeiam
minhas mãos. Tento agarrá-las e se desprendem. As mais lentas estão em
abundância. Odeio rotinas como se sabe. Sou inquieto, persigo as metidas afora,
populares metáforas. Esboço uma aproximação e me escapam. Refaço o trajeto
confiante, agora tenho o mapa: as palavras se misturam, engravidam e será
preciso esperar. Não saio da cama.
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