sábado, 10 de setembro de 2011

A confiança e suas eternas dúvidas




A confiança é mesmo algo sério. Como os próprios adultos – avôs, avós, pais, mães – já nos asseguram desde a época em que éramos pequenos sonhadores. Toda a fala soava como mera conversa fiada e nos passava a idéia da confiança ser distante das situações cotidianas. Nunca imaginávamos que um dia precisaríamos usar e saber lidar com essa palavra curta, mas de significado único, diria até essencial para todos os tipos de relacionamentos.

Responsabilidades carregam consigo a confiança. Elos são construídos e nos exigem obrigação de respondermos por nossas ações. Depositamos esperanças demais em menos pessoas por uma precaução necessária e sabemos muito bem em quem, no que e onde acreditar à medida que crescemos.

A confiança pode também ser remetida à infância dos já aqui relatados pequenos sonhadores. Costumo dizer que ela é como um boneco de pelúcia. Realizamos o primeiro contato, gostamos da aparência externa e queremos manter, as pelúcias e pessoas, perto de nós. Tratamos com carinho, aperfeiçoamos as aparências e desejamos, em certas ocasiões, que as pessoas fossem até emudecidas pelúcias, como apenas uma fonte de exteriorização de nossos sentimentos e angústias. Após certo tempo de provação da relação, passamos a crer sem contestações.

E quando vamos adiante, ela pode ser quebrada com palavras ou com atitudes - em alguns casos envolvendo os dois tipos. Sempre doem e talvez seja difícil apontar a mais dolorosa. Quando rompemos a confiabilidade que o outro depositou em nós, entristecemos e pedimos desculpas. Na verdade, exigimos, de uma forma autoritária, que os outros nos perdoem pelo erro prometido que nunca mais ocorrerá. Quando nos colocamos do outro lado da situação, somos encobertos pela consciência de que não haja, talvez, motivos para perdão. Resgatar a confiança é algo muito difícil para quem perdeu, mas soa como fácil para quem fez perder.

Então, a agora chamada desconfiança aparece e já se transforma em justificativa para a falta de caráter do outro. Esquecemos que as pessoas-pelúcias já foram nosso reflexo e acabamos assim por dizer palavras de maneiras precipitadas e descabidas. Deixamos tudo que já passou de lado porque confiar pela segunda vez é muito difícil.

No final das contas, devemos ter sempre em mente que vivemos de constantes aprendizados e mudanças. A vida é muito curta para não se perdoar e um voto de confiança pode ser dado mais uma vez. Este tem o dom nos trazer novamente bons amigos que realmente acrescentam nossas vidas de felizes momentos. O dom de confiar novamente é para poucos. Pouquíssimos eternos grandes sonhadores.

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