domingo, 10 de agosto de 2014

Pai

Pai, tá tudo bem por aqui.

Pode avisar a mainha que já comi, lavei as camisas e cuecas. Acho que isso já responde o interrogatório diário. Pelo que conheço, ela vai ficar com um pouco de ciúme após ler esse texto, mas eu peço a compreensão porque, afinal, estamos longe. Não sou muito de demonstrar o que sinto nas redes sociais, mas essa tal de saudade às vezes aperta e é uma coisa boa de sentir.

É o primeiro dia dos pais que passo longe de você - seu lunga alagoano, como você mesmo escreve nos e-mails - e isso merece algumas linhas.

Tá tudo caminhando bem por aqui. Hoje, aliás, me lembrei de um dia dos pais especial, lá em 2009. Não fomos almoçar fora ou fazer hora na casa de algum parente. Nós viajamos, lembra? Com certeza você não lembra que empatamos e talvez recorde que levamos 3 mil pessoas para Pernambuco. Eu, você e o Felipe encaramos a estrada para acompanhar nosso time, algo que ainda nos rende boas conversas e nos mantêm unidos.

O voo rasteiro foi incrível, das coisas que vão ficar para sempre na minha memória, porque deve ter sido o último jogo que assistimos juntos. Os três. Resolvi, cinco anos depois, caminhar na orla com a camisa do nosso time, uma forma de homenagear você, pelo pai que continua sendo, e meu irmão, pelo pai que foi e sempre será para nós e nossa querida Maria Clara. Alguns uruguaios ficavam olhando, tentando adivinhar o nosso time. Um deles pode até saber, mas jamais terá a noção do que ele representa para nós. Na verdade, acho que você gosta mais do nosso clube do que o jogo em si. Tou errado?

No mais, tá tudo fluindo bem. Os uruguaios são pessoas muito boas, que levam a vida de uma forma simples. É comum observar, na rambla, jovens casais tomando mate nos bancos, velhos casais passeando sem compromisso e hora para chegar, afastando a chatice da rotina. Os cachorros aqui geralmente andam sem coleira, prova de que são educados ao mais simples comando dos donos. Assisti, também, a uma pelada de pivetes aqui na orla. Jogo ruim, truncado, mas foi bom para passar o tempo.

Você, aliás, veio para cá duas vezes e não conheceu a orla. Perdeu muita coisa, eu diria. A água mansa do rio de la plata passa uma tranquilidade boa. Ela deve reforçar aquela sua ideia – não sei se foi na resenha – de se aposentar e vir morar aqui.

Às vezes o frio aperta, principalmente de madrugada, mas te confesso que já estou adaptado, consigo até ir ao mercadinho da esquina sem casaco durante o dia. Mas não tem problema. Depois de agosto, chega setembro e o calor reaparece um pouco. Depois outubro, novembro e, por fim, dezembro, quando estarei de volta. Daqui a pouco passa.

Um abraço e feliz dia dos pais.

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